
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, e o governador do Rio, Cláudio Castro, anunciaram, na noite desta quarta-feira (29), a criação de um “escritório emergencial” para o combate ao crime organizado no estado. A medida foi tomada durante uma reunião entre os dois no Palácio Guanabara, sede do governo fluminense.
O encontro teve como pauta principal a megaoperação nos Complexos do Alemão e Penha, na Zona Norte do Rio, que resultou na morte de 121 pessoas, sendo 117 suspeitos e 4 policiais. A criação desta força-tarefa marca o início a um esforço conjunto entre os governos federal e estadual para enfrentar a crise na segurança pública.
Segundo Lewandowski, o núcleo funcionará como um fórum de decisões rápidas, reunindo representantes das forças de segurança para agilizar ações de enfrentamento à criminalidade. “Queremos um entrosamento das forças no enfrentamento da criminalidade organizada. Nos colocamos à disposição do estado para apoiar a população neste momento de crise. Todos precisamos cooperar e deixar de lado as diferenças políticas e partidárias, este é um problema de toda a União”, afirmou o ministro.
Durante a reunião emergencial, foram alinhadas medidas imediatas, entre elas:
– Disponibilização de vagas em presídios federais de segurança máxima para o Rio;
– Reforço de peritos criminais de outros estados para auxiliar nas investigações;
– Acesso do estado ao banco nacional de DNA e dados balísticos, considerando que 33 dos mortos na megaoperação são de outros estados;
– Ampliação do efetivo da Força Nacional, que atua no Rio desde 2023;
– Reforço da Polícia Rodoviária Federal, com intensificação de ações de inteligência e fiscalização;
– Engajamento da Polícia Federal, por determinação do Supremo Tribunal Federal, para conduzir investigações e desenvolver novas estratégias de inteligência.
Lewandowski destacou que as iniciativas têm caráter emergencial e provisório, mas ressaltou o compromisso de integração entre os diferentes níveis de governo. “Vamos unir forças estaduais e federais para enfrentar e solucionar essa crise”, concluiu.
O novo escritório será comandado pelos secretários de Segurança Pública, Victor dos Santos, do estado do Rio, e Mario Sarrubbo, do governo federal. O objetivo é uma atuação conjunta com os dois escritórios já existentes — o Comitê de Inteligência Financeira e Recuperação de Ativos (Cifra), que investiga a lavagem de dinheiro para recuperação de ativos, e a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco/RJ).
Questionado sobre o resultado da megaoperação no Alemão e Penha, o ministro da Justiça foi direto: “A operação foi realizada sob inteira responsabilidade do governo do estado e de suas próprias forças de segurança. Estamos acompanhando à distância e oferecendo ajuda no que for possível dentro da competência constitucionalmente estabelecida para as forças federais”, disse.
Castro também foi questionado por jornalistas sobre o fato da Polícia Federal ter sido avisada sobre a operação, mas optado por não participar. “O que existe é o diálogo do dia a dia entre eles, e esses diálogos são tão comuns que no início eu nem falei como se fosse uma falta de apoio. Sinceramente, não coloquei isso porque não era um fato importante”, disse o governador.
Em seguida, Lewandowski concordou com a fala de Castro e reforçou que houve contato, em vários momentos, entre a PF e o governo estadual.
“O governador tem toda razão. É muito corriqueira a troca de informações entre as forças de segurança. Existem operações que interessam exclusivamente às forças estaduais, e outras, só às forças federais. Realmente, houve vários contatos, em vários níveis, em várias situações, em vários momentos, mas era uma operação que não dizia respeito à PF”, disse o ministro.
Também participaram do encontro no Palácio Guanabara o secretário Nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubbo; o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues; e o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Antônio Fernando Souza.