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Morre o escritor Luis Fernando Verissimo, aos 88 anos

O escritor Luis Fernando Verissimo morreu aos 88 anos neste sábado (30). Ele estava internado desde o início do mês no Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre (RS), com um quadro de pneumonia.
O gênio da crônica e do humor deixa a mulher, Lúcia Helena Massa, além de três filhos e dois netos.
Verissimo tinha problemas cardíacos. Em 2021, ele foi vítima de um acidente vascular cerebral (AVC) e recebeu um marcapasso no coração no ano seguinte. Ele também sofria com o mal de Parkinson.

Sucesso
O escritor gaúcho tem uma trajetória profissional rica, atuando como cartunista, tradutor, roteirista, publicitário, revisor, dramaturgo e romancista. Sua obra é marcada pelo bom humor, assertividade e crítica. Além das palavras, é um amante da música, dedicado à prática do saxofone.

Filho do escritor Érico Verissimo, Luis Fernando Verissimo publicou mais de 80 títulos, entre eles As Mentiras que os Homens Contam, O Popular: Crônicas ou Coisa Parecida, A Grande Mulher Nua e Ed Mort e Outras Histórias.

Foram as crônicas e os contos que o tornaram um dos escritores contemporâneos mais populares no país. O Analista de Bagé, lançado em 1981, teve a primeira edição esgotada em uma semana.


‘Há diferença entre ser humorista e fazer humor’

Sua timidez tornou-se outra característica sempre lembrada, reforçando o valor de seu texto: sim, Verissimo sempre buscou ser engraçado na escrita e não na fala. Na verdade, nunca se julgou um humorista. “Acho que há uma diferença entre ser humorista e fazer humor”, disse, certa vez. “O humorista é o cara que tem uma visão humorística das coisas. O humor é sua maneira de ver e de ser.”

Uma filosofia que se revelou útil durante a dura fase de exceção Verissimo conta que, durante a ditadura, ele enviava uma crônica para o jornal deixando sempre uma na gaveta, de reserva. “E não foram poucas as vezes em que saiu a reserva”, comentou, em outra entrevista. “Os censores pareciam achar o cartum algo infantil; então, era mais fácil fazer passar um cartum político que um texto político”.


O cronista mais popular do Brasil

Em 2020, Elias Thomé Saliba, professor da USP especializado em humor e autor de Raízes do Riso, descreveu o escritor como o cronista mais popular do Brasil, aquele que “diz o que o leitor quer falar, mas não consegue”. “Verissimo ultrapassa o transitório não apenas porque suas crônicas se transformam em livros, mas porque estabeleceu desde o início um pacto humorístico com o leitor.”

“Mais do que qualquer outro, o público que se torna parte do pacto humorístico é aquele que percorre o noticiário sério do jornal ou da revista e torna-se capaz de entender as alusões, ironias e paródias de Verissimo e de seu humor fortemente conectado com os eventos noticiados e, por isso, compreensível apenas naquelas situações”, defendia.

Verissimo escrevia poucas palavras, mas era extremamente preciso

Em 2016, o escritor foi perguntado: qual a receita para seus textos serem populares e não popularescos? “Não tenho”. Em seguida, atribuía o mérito ao gênero: “Acredito que, antes de mais nada, é ter clareza na escrita. E, como a crônica normalmente não é um texto grande, torna-se acessível a qualquer público”. Ao longo da carreira, Verissimo ficou conhecido não apenas pelos “textos não tão grandes”, mas também por escrever estritamente o necessário, em pouquíssimas palavras, e ainda assim ter muito a dizer.

Para quem tem interesse em se aprofundar um pouco mais pela figura do autor, em 2024, o documentário Verissimo foi lançado. Fugindo do estilo biográfico cronológico, o longa tinha foco maior no cotidiano do escritor, prestes a completar 80 anos de idade à época das filmagens, que acompanhou por 15 dias. Atualmente, está disponível para assistir no streaming Mubi.


Paixão pela música
Verissimo tem uma forte ligação com a música, paixão que herdou do convívio familiar e que marcou sua vida tanto quanto a literatura. Quando foi morar nos Estados Unidos, já que seu pai passou a lecionar na Universidade da Califórnia, ele passou a tocar saxofone porque estava “no país do jazz”, como ele dizia. Ele chegou a integrar bandas do gênero em Porto Alegre.

Essa vivência musical transparece em muitas de suas crônicas, nas quais a música aparece como tema, metáfora ou pano de fundo, revelando como ela foi parte essencial de sua formação artística e de seu olhar sensível sobre o mundo.


Paixão pelo SC Internacional
Luis Fernando Verissimo, além de escritor consagrado, sempre foi um apaixonado torcedor do Sport Club Internacional, clube do coração desde a infância em Porto Alegre. Essa ligação aparece em suas crônicas, entrevistas e até em conversas informais, nas quais exalta as conquistas coloradas e demonstra o orgulho de pertencer à torcida.
Para ele, o futebol nunca foi apenas esporte, mas também um espaço de emoção, memória e identidade. Em seus textos, Verissimo mistura humor, ironia e lirismo para falar do Inter, transformando o time em personagem recorrente de sua obra.
Torcer pelo Colorado é, em sua visão, parte fundamental de sua trajetória pessoal e cultural, algo que o acompanha tanto na vida cotidiana quanto na literatura. Essa paixão intensa ajudou a aproximá-lo ainda mais do público gaúcho, que se reconhece no amor quase literário que ele dedica ao clube.




30/08/2025 – Juventude FM

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