O repórter Joel Ferreira do Nascimento, conhecido como ‘Radar’, foi preso após um esquema de fraudes contra idosos, que incluía furto eletrônico, extorsão e estelionato. O caso aconteceu em Nova Olinda do Norte, no interior do Amazonas, e foi divulgado pela Polícia Civil nesta segunda-feira (24).
As investigações começaram após a prisão de um homem por estupro na cidade. Ele permaneceu detido por um dia e, no dia seguinte, foi liberado em audiência de custódia. Durante seu interrogatório, solicitou a presença de um advogado, mas, como não conhecia nenhum, pediu permissão para fazer uma ligação.
O preso então entrou em contato com o repórter, que compareceu à delegacia acompanhado do homem, de 32 anos, que se apresentou como advogado. Após uma conversa, o suposto profissional cobrou R$ 3 mil pelo serviço.
No entanto, os policiais civis alertaram o suspeito de que o homem não aparentava ser advogado e recomendaram que não o contratasse. Por esse motivo, ele recusou a proposta.
Em seguida, o sobrinho do preso foi até a 47ª Delegacia Interativa de Polícia (DIP), onde recebeu o telefone do detido. No entanto, Radar e o suposto especialista em direito foram até a residência do sobrinho, alegando que o preso precisava recuperar o aparelho para entrar em contato com a família e contratar um advogado.
“Com o telefone em mãos, eles ligaram para a família do preso e solicitaram R$ 2 mil, alegando falsamente que eu estaria cobrando esse valor como fiança. No entanto, como o crime de estupro não admite fiança, a família, mesmo desesperada, não caiu no golpe”, detalhou o delegado Everaldo Carneiro.
Insatisfeitos com a recusa da família, os suspeitos trocaram a senha do aplicativo bancário da vítima e realizaram transferências via Pix, totalizando cerca de R$ 600. Segundo o delegado, essa ação configura, entre outros crimes, extorsão, estelionato e furto eletrônico.
Outro idoso procurou a delegacia
Enquanto as investigações estavam em andamento, um outro idoso procurou a 47ª DIP e relatou que o repórter havia agido em seu nome e que seu aplicativo bancário estava instalado no celular dele.
Logo depois, um homem identificado como Elvis dos Santos Lima também se apresentou à polícia e revelou que “Radar” aplicava golpes em idosos das comunidades e em indígenas, obtendo acesso aos aplicativos bancários das vítimas para uso próprio. Ele confessou ainda que fazia parte do esquema criminoso.
“As diligências foram iniciadas, e conseguimos prender o repórter na quinta-feira (20). Com ele, apreendemos quatro aparelhos celulares, que passarão por perícia para a quebra de dados telefônicos e telemáticos. Joel negou os crimes”, informou o delegado.
Elvis também foi preso. O falso advogado, que já tinha antecedentes criminais por estelionato, tráfico de drogas e outros delitos, conseguiu escapar.
Os envolvidos responderão pelos crimes de associação criminosa, estelionato eletrônico contra idosos, furto qualificado por meio informático e extorsão.