O Grupo Flow, responsável pelo podcast de mesmo nome, mudou para o Clube Sírio o local do debate entre candidatos à Prefeitura de São Paulo, que será realizado às 19h da próxima segunda-feira (23). O evento estava marcado para o auditório do Centro de Difusão Internacional (CDI) da Universidade de São Paulo (USP), mas o Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade de Direito da USP, convocou, nesta sexta-feira (20), protesto contra a presença dos candidatos Pablo Marçal (PRTB) e Ricardo Nunes (MDB) na universidade. A informação foi confirmada pelo Flow ao Estadão.
É a segunda mudança de local que o grupo realiza. Originalmente, o debate estava previsto para a Salão Nobre da Faculdade de Direito, no Centro da cidade, e foi remanejado para o auditório do CDI, na Zona Oeste.
Diante da transferência do debate para o Clube Sírio, a campanha de Nunes informou que o prefeito não comparecerá. “Já comunicamos ao Flow que, diante disso, não iremos. E nos colocamos à disposição para sabatina”, disse, em posicionamento. A avaliação é que mudança ocorreu em cima da hora e não há motivo para ir a um debate que pode ter ambiente hostil, mesmo com a troca de local.
A campanha de Marçal não se posicionou oficialmente, mas um aliado disse ao Estadão que ele comparecerá. Tabata Amaral (PSB) decidiu que irá e Marina Helena (Novo) também confirmou presença. As assessorias de Guilherme Boulos (PSOL) e José Luiz Datena (PSDB) não responderam.
Os candidatos e as respectivas campanhas têm se queixado do alto número de debates nesta campanha eleitoral. A previsão é que até o fim do primeiro turno sejam realizados 11 encontros para discutir propostas, o que significaria um recorde histórico.
Na convocação do protesto, o XI de Agosto afirma que o debate público de qualidade é importante, mas que os debates realizados até o momento serviram como palco para a “propagação de ideias fascistas sem o menor compromisso com a verdade”.
“A atuação deplorável da extrema-direita, representada pelo estelionatário condenado Pablo Marçal e pelo bolsonarismo envergonhado de Ricardo Nunes, acusado de violentar fisicamente sua esposa, desvirtuou completamente a lógica dos debates eleitorais”, disse o centro acadêmico em publicação nas redes sociais.
A esposa do prefeito, Regina Carnovale Nunes, registrou um boletim de ocorrência em 2011 o acusando de violência doméstica. Nunes chegou a dizer que o documento era forjado, mas depois se corrigiu e afirmou que , na verdade, quis dizer que a história elaborada em torno da queixa é que seria falsa. Ele nega ter agredido a esposa.
O XI de Agosto afirma, ainda, que a Faculdade de Direito do Largo São Francisco é uma trincheira histórica da luta democrática, mas que esse compromisso não inclui “espaços que emprestem o prestígio e o respeito das Arcadas [da faculdade] a candidaturas irresponsáveis e criminosas”.
A organização estudantil também se queixa de não ter sido comunicada sobre a realização do debate no local, como seria tradição. “Não é admissível que, a convite de poucos alunos, todos nós recebamos em nossa Faculdade convidados que não respeitam a democracia”, afirmou.