Começou, nesta segunda-feira (9), a audiência de instrução e julgamento de Cezar Daniel Mondego de Souza, Eduardo Sobreira de Moraes e Leandro Machado da Silva. Os três são acusados de envolvimento no assassinato do advogado Rodrigo Marinho Crespo, morto a tiros em 26 de fevereiro deste ano, em frente à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), no Centro do Rio, quando saía do escritório onde trabalhava.
A primeira sessão contou com o depoimento de nove testemunhas de acusação, incluindo o delegado Rômulo Assis Coelho Caldas, responsável pela investigação. O delegado detalhou o crime, explicando que Rodrigo estava sendo monitorado dias antes da execução.
“Um Gol branco chegou na Avenida Marechal Câmara por volta das 11h no dia do crime. Às 14h30, um segundo Gol branco substituiu o primeiro, e foi nesse veículo que os executores estavam. Leandro Machado, um policial militar, foi quem alugou os carros usados no crime”, relatou o delegado.
Durante a audiência, Pedro Henrique Tow Crespo Baptista, sobrinho da vítima, que estava com Rodrigo no momento do crime, também foi ouvido. Ele descreveu os momentos de tensão que viveu: “O que fizeram com ele foi um esculacho. Descemos para fazer um lanche. Quando retornávamos, tomei um tiro de raspão no ombro. Achei que era uma explosão e me joguei no chão. Quando eu me levantei, ele já estava morto. O executor saiu pro carro de trás. Demorei uns 40 segundos para levanta”.
O sobrinho também falou que Rodrigo estava estudando o tema de regulamentação de jogos online, que queria ser o primeiro advogado com essa especialidade e ficar milionário. O interesse do advogado foi confirmado por outros depoentes, como os amigos Fernanda de Carvalho Serra e Douglas Geiss Cavello, que também destacaram o desejo de Rodrigo em se especializar na área de apostas.
Em seu depoimento, Douglas ressaltou que Rodrigo Crespo queria ser uma referência jurídica em jogos de apostas/Bets e que para isso estava se especializando.
Sócios da vítima no escritório, os advogados João Rachid da Motta e Antonio Vandeler de Lima Junior contaram que, somente depois do crime, souberam que Rodrigo Crespo havia adquirido alguns domínios de jogos. Até então, segundo eles, o sócio havia participado, no final do ano passado, de uma audiência pública em São Paulo sobre o assunto e, logo depois, escreveu um artigo sobre a lei que regula o mercado de apostas no Brasil.
Na vida pessoal, Rodrigo, segundo os sócios, gostava de jogar pôquer eletrônico e presencial. E frequentemente tinha gastos elevados. O advogado Antonio Vandeler disse também que, quatro dias após o crime, voltou ao escritório e percebeu que o computador de Rodrigo estava ligado e havia várias conversas abertas. Foi então que ligou para a polícia e comunicou o fato.
O juiz Cariel Bezerra Patriota ouviu, ainda, os policiais civis Daniela Félix Garcia, Michelina Colucci e Felipe Salabert, além da namorada da vítima, Isadora Strapazzon Guerma.
A audiência prossegue nesta terça-feira (10) e está prevista para continuar até sexta-feira (13), com o depoimento de 23 testemunhas e o interrogatório dos réus.